Os Mistérios Luminosos

Meditados às quintas-feiras Este novo ciclo de mistérios, estabelecido por João  Paulo II em sua Carta Apostólica  “O Rosário da Virgem Maria”, nos leva a contemplar o mistério do Cristo que é luz.  Esta dimensão é percebida principalmente na vida pública de Jesus. O Evangelho de São Marcos começa no deserto, daí seu símbolo ser o leão. Desde sua primeira viagem, tornou-se companheiro do apóstolo Paulo. Marcos viveu em Roma por volta do ano 70, onde foi secretário e confidente de Pedro.  Portanto, seu Evangelho nos transmite a catequese do chefe dos Apóstolos. Trata-se do mais curto dos Evangelhos, em estilo simples, vivo e pitoresco, rico em detalhes concretos.  Certamente Pedro conservara, de sua profissão de pescador, a aptidão de observar! João Paulo II escolheu cinco momentos da vida de Cristo. O Batismo, no rio Jordão, nos permite ouvir a voz do Pai que proclama Jesus seu Filho Bem Amado.  Em Caná, com seu primeiro milagre, Cristo abre o coração dos  Apóstolos  ao mesmo tempo para a fé e para a intercessão de Maria. Quando Jesus anuncia a aproximação do Reino de Deus, é um chamado à conversão e assim inicia seu ministério da misericórdia. Na Transfiguração, Cristo resplandece na glória de sua divindade e o Pai lhe dá a conhecer aos Apóstolos  para que eles o sigam. Na Eucaristias, Cristo se transforma, sob as espécies de pão e vinho, em seu Corpo e seu Sangue  para nosso alimento.


O Batismo de Jesus

Marcos  1,11 Tu és o meu Filho Bem Amado. no qual depositei todo o meu amor. Lumineux-1Pequena meditação sobre o acontecimento: Depois de trinta anos de vida oculta, Jesus realiza  um desconcertante ato de humildade.  Ele que é o Filho de Deus, o Verbo Encarnado, dirige-se ao rio Jordão, misturando-se à multidão dos atraídos  pela pregação de João Batista. E como eles, pede o batismo, como se tivesse algum pecado em si. Em continuação aos ensinamentos dos antigos profetas, João Batista anuncia a vinda do Messias esperado por Israel. Sua palavra é de fogo e sua reputação se propagara  pelos arredores do país.  João  acrescenta à sua pregação um batismo de arrependimento.  Essa instituição original, mesmo que os judeus, pelas suas leis,  estivessem acostumados a múltiplas purificações, tinha por finalidade não a pureza exterior e legal e sim a pureza do coração.  Por outro lado, o batismo de Jesus não tinha a eficácia do sacramento tal como Jesus iria instituí-lo, sacramento que possui uma virtude intrínseca ao próprio rito. Justamente no momento em que Jesus se mostra ao povo, misturado aos pecadores, seu Pai se preocupa em glorificá-lo. Que testemunho esplendoroso prestado  à divindade de  Jesus Cristo pelas duas outras Pessoas  da Trindade!  O céu se abre; o Espírito Santo  desce visivelmente e paira sobre a cabeça  do Salvador;  o Pai fala e declara solenemente que aquele homem que acaba de se rebaixar à condição de pecador  é seu Filho “Bem-Amado”! Assim, o primeiro ato da vida pública de Jesus mostra que Jesus, tinha como única preocupação assumir imediatamente o seu papel  de representante dos pecadores e de substituí-los, pela sua Missão de Redentor.  A intervenção pessoal de Deus –o Pai- proporciona à missão de seu Filho uma espécie de consagração oficial. Na Capela da “rue du Bac”: A cena do Jordão constitui o anúncio  do batismo cristão. Nesta Capela da Casa Mãe das Filhas da Caridade, Santa Luísa de Marrillac, fundadora da Congregação, juntamente com São Vicente de Paulo, nos esclarece sobre sua profunda espiritualidade. Ela  amava especialmente São João e São Paulo e maravilhava-se, como eles, diante da riqueza do dom recebido através do batismo que une a criatura ao seu  Criador e nos torna filhos de Deus. Graças para os dias de hoje: A vida do batizado é a vida de Cristo em si. Peçamos a graça de aceitar e consentir  completamente o que Deus quer ver em nós. “Não mais resistência alguma  a Jesus, nenhum outro  ato que não seja por Jesus, nenhum outro pensamento que não seja em Jesus, nenhum outro tipo de vida que não seja para Jesus e para o próximo”  diaia Santa Luísa de Marillac. Adendo: … bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus  batizado no rio Jordão. Centelhas: Que eu ame tudo o que Jesus ama…


As Bodas de Caná

Para este mistério, temos que recorrer a  São João. Não temos escolha: o quarto evangelista é o único que nos relata este episódio da vida de Jesus! Lumineux-2João 2, 11 Ele manifestou sua glória e seus discípulos acreditaram nele. Pequena meditação sobre o aconteci mento: Uma festa em Caná!  Um banquete de casamento! A Mãe de Jesus está presente. Jesus também tinha sido convidado para o casamento, bem como seus amigos. De repente um incidente bastante banal veio chamar a atenção de Maria: não.havia mais vinho.  Compadecida do constrangimento de seus anfitriões, Maria dirige-se ao seu Filho, dizendo-lhe: “Eles não têm mais vinho”.  Sua oração formula-se com tato e discrição. Entretanto, quanta  confiança em sua breve súplica!  Até então, Jesus ainda não havia demonstrado sua onipotência, mas a Virgem Maria conhecia o segredo de seu poder.  Jesus responde à sua Mãe com uma aparente recusa, a fim de enfatizar que só Deus tem poder sobre a temporalidade.  Todavia, como quisesse demonstrar também que Deus ouve nossas preces, suas palavras foram ditas num certo tom, e seu olhar assumiu tal expressão, que  pareciam encorajadores.  Assim sendo, Maria dirigiu-se aos empregados e disse-lhes:  “Fazei tudo que ele vos disser”. Na Capela da “rue du Bac”: O primeiro milagre de Jesus, o primeiro sinal de seu poder divino, realiza-se a pedido de Nossa Senhora.  Na Capela da “rue du Bac”, a Virgem Maria nos convida a acreditar na sua intercessão toda poderosa: ela promete graças às pessoas que usarem  a medalha milagrosa com fé e confiança. Daí o Evangelho das Bodas de Caná ser retomado pela liturgia da missa da festa de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, a 27 de novembro. Graças para os dias de hoje: Como em outros tempos, em Caná, Jesus está sempre presente e atuante em nossa vida quotidiana.  Recorramos com fé e confiança à sua Mãe: “Lá onde Ela está, há tudo”, como dizia São João Bosco. Adendo: … e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus que ouviu Maria em Caná… Centelhas: À esperança, associemos a ação…


Anúncio do Reino de Deus

São Marcos 1, 15 Cumpriu-se o tempo e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho. Lumineux-3Pequena meditação sobre o acontecimento: Nas duas frases curtas e cortantes do Evangelho de São Marcos, acima citadas, há como que um tom de eternidade.  Deus havia preparado os espíritos, em Israel, com mensagens cada vez mais esclarecedoras. Terminara o tempo de expectativa, de espera, era o que anunciava um homem chamado Jesus, cujas pregações  eram causa de grandes esperanças. Para a humanidade, a boa nova  seria  a vinda  do reino da justiça e da misericórdia,  da vitória do bem sobre o mal, da vida sobre a morte. E Jesus anunciava também duas disposições do coração, para acolher o Reino de Deus que seu povo aguardava:  conversão e fé. Na Capela da “rue du Bac”: O coração de São Vicente de Paulo, aqui conservado  num pequeno relicário dourado, vem nos lembrar a misericórdia e o amor gratuito de Deus. Sua vida de sacerdote, sua conscientização da miséria espiritual é decisiva para São Vicente.  O recurso ao Sacramento da Reconciliação é o remédio que Deus lhe sugere como tema de suas pregações aos pobres camponeses  da periferia, a 25 de janeiro de 1617, dia em que se comemora a conversão de São Paulo. Este acontecimento deu origem a uma das grandes obras de seu apostolado: a fundação da Congregação das Missões. Graças para os dias de hoje: Deixemo-nos conduzir à generosidade de Deus, recorrendo à Igreja que, apesar de todas as suas dificuldades, cumpre com seu trabalho de reconciliação do homem com Deus. A Virgem Maria, que não tem pecado, espera apenas por uma palavra, um gesto, um apelo, no sentido de nos decidirmos a receber o sacramento do perdão. Adendo: … e  bendito é o fruto de vosso ventre, Jesus que nos convida à conversão… Centelhas:  A verdade nos tornará livres, diz são João.


A Transfiguração

São Marcos 9, 2 … Jesus tomou consigo a Pedro, Tiago e João, e os levou, sozinhos, para um lugar retirado sobre uma alta montanha. Ali foi transfigurado diante deles… Lumineux-4Pequena meditação sobre o acontecimento: Jesus chama à parte Pedro, Tiago e João, os três discípulos privilegiados, que já havia escolhido para assistirem à ressurreição da filha de Jairo e que levará consigo para lhe fazer companhia no Getsêmani, conduzindo-os ao alto do Monte Tabor.  E lá, Jesus se transfigurou.  E  não somente seu rosto, como também suas vestes tornaram-se resplandecentes. E de cada lado de Jesus, apareceram Moisés e Elias,  simbolizando a perfeita harmonia e continuidade entre o Antigo e o Novo Testamento. A nuvem luminosa que envolvia o Pai, o Filho  e o Espírito Santo vai pairar sobre os discípulos.  E como de outras vezes, no Monte Sinai, Deus fala através da nuvem.  Sua voz não se dirigia a Jesus, como em seu batismo e, sim, aos discípulos.  Confirmava-os na fé e na divindade de Cristo.  “Este é meu Filho bem amado…”  E a voz de Deus continua, fortificando-os também na doutrina e nos ensinamentos de Jesus: “Escutai-o…” Na Capela da “rue du Bac”:  A Capela foi solenemente abençoada  no dia 6 de agosto de 1815… na festa da Transfiguração. Graças para os dias de hoje: A Transfiguração do Senhor reflete uma luz resplandecente sobre a nossa vida quotidiana. Manifestando-se aos discípulos tal como é na realidade, isto é, o Filho de Deus,  o Cristo nos revela o destino transcendental de nossa natureza humana.  Peçamos, por intercessão da Virgem Maria, a graça de descobrir, na divindade de Jesus, uma razão, um motivo de segurança no apostolado, de fé de esperança, nos momentos de provação. Adendo:  … e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus transfigurado… Centelhas: Como um Pai amoroso, Deus nos prepara para as provações da vida, através das graças que nos unem mais fortemente a Ele.


A Instituição da Eucaristia

São Marcos 14, 22-24 “Tomai, isto é meu corpo”… E lhes diz: “Isto é meu sangue, o sangue da Nova e eterna Aliança, que será derramado  por vós.” Lumineux-5Pequena meditação sobre o acontecimento: A Eucaristia, instituída pelo Cristo na véspera de sua Paixão, é o grande mistério da fé. Através de um alimento dos mais simples e elementares, com palavras também simples, mas ao mesmo tempo muito fortes, num ritual discreto e familiar a todos nós, Jesus realiza a doação total de si mesmo à humanidade. O pão não muda de aparência e nem tão pouco o vinho, porém, pela palavra toda poderosa do Filho de Deus, sua substância é mudada no corpo e no sangue de Cristo. A fórmula da consagração do cálice, mais desenvolvida do que a do pão, exprime com maior clareza  o sentido da nova instituição. Esta não apenas com o objetivo de realizar a presença do Cristo sob as aparências do pão e do vinho, mas, para assim  tornar-se alimento dos fiéis, O sacrifício da Cruz se reproduz a cada instante: é o memorial do mistério pascal. Na Capela da “rue du Bac”: O Sacramento da Eucaristia é o centro da espiritualidade dos três grandes santos da Capela da “rue du Bac”.  Quanto à Santa Luísa de Marillac, ela se mostra extremamente grata ao que chama coloquialmente de “esta invenção amorosa Dele (Jesus) para unir-se a nós”, cujo objetivo é  “santificar as almas com esta Sua  presença constante, embora invisível”. Graças para os dias de hoje: Rezemos para que todas as nossas ações se tornem “atos eucarísticos”, a exemplo do “lava-pés” que são João colocou em seu Evangelho, em vez da instituição da Eucaristia.  Na Eucaristia, unimos todos os nossos atos de oferenda _a oferenda de Jesus. E São Vicente de Paulo explicava isto através de sua expressão favorita: “doar-se a Deus”. Adendo: … bendito é o fruto de vosso ventre, Jesus, manso e humilde de coração. Centelhas: Maria, o primeiro tabernáculo  da história…