Meditados às quartas feiras e aos domingos
A contemplação do rosto de Cristo não pode se restringir à sua imagem de Cristo Crucificado. Ele é o Ressuscitado! Os mistérios gloriosos comemoram os triunfos do Cristo sobre o poder das trevas. São Mateus, um dos doze apóstolos, originariamente cobrador de impostos, narra, com detalhes, os hábitos e os costumes da Palestina, citando repetidas vezes o Antigo Testamento para demonstrar que Jesus era realmente o Messias esperado, o Rei dos Judeus, cumprindo as Sagradas Escrituras. Mateus faz questão de conservar o simbolismo Jesus- homem; prova disso é que dá início à sua narrativa com seu testemunho da genealogia de Jesus.
Com evidente preocupação pedagógica, apresenta uma catequese em capítulos bem organizados: cinco grandes discursos, depois a Paixão. E apresenta a Igreja como a verdadeira Israel, plenamente consciente de que o povo de Deus é quem leva o seu fruto.
Ressurreição
Mateus 28, 5-6 …sei que estais procurando Jesus, o crucificado. Ele não está aqui porque ressuscitou conforme havia dito.
Pequena meditação sobre o acontecimento: A Ressurreição de Jesus Cristo é o fato principal da história. Sobre este fato repousa o Cristianismo: “Ele ressuscitou!” foi o “toque de reunir” dos discípulos, na manhã de Páscoa, profissão de fé selada com sangue. Os onze, a quem Jesus apareceu, reconheceram Jesus vivo. E durante quarenta dias, puderam conversar com Ele, tocá-lo e comer em sua companhia. Entre os Evangelistas, só Mateus tentou evocar a Ressurreição com discrição e sobriedade, partindo do testemunho das mulheres, a quem o anjo aparecera. Abstiveram-se de descrever a Ressurreição propriamente dita, mistério que ocorreu sem testemunhas. O anjo confiou às mulheres uma mensagem para os Apóstolos. E o próprio Jesus veio-lhes ao encontro e lhes reiterou a mesma mensagem..
Na Capela da “rue du Bac”: A Ressurreição de Cristo é a mensagem central de nossa fé. Nós professamos esta fé, bem como a ressurreição dos mortos, quando rezamos o Credo. Na Capela, a apresentação do coração de São Vicente de Paulo à veneração dos fiéis, assim como as relíquias de Santa Luisa e o corpo de Santa Catarina Labouré, encontrado intacto em 1933, nos interpelam sobre os fins últimos aos quais estamos destinados. Com São Paulo ousamos dizer com esperança: “Ò morte, onde está a tua vitória?”
Graças para os dias de hoje: Que a esperança, enraizada na vitória pascal do Cristo ressuscitado, que nos revela o triunfo da vida, estimule o nosso ardor no combate pela vida.
Adendo: … bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus ressuscitado…
Centelhas: Nós já estamos salvos. Basta a nossa boa vontade. Deus é nosso e nós somos de Deus, se quisermos.
Ascensão
Luc, 24, 51 E enquanto os abençoava, distanciou-se deles e era elevado ao céu.
Pequena meditação sobre o acontecimento: No 40º dia depois da Ressurreição, Jesus apareceu pela última vez aos seus discípulos, no Cenáculo, em Jerusalém. Depois de compartilhar da refeição deles, marca encontro com eles no Monte das Oliveiras. Jesus refez, portanto, o percurso da noite da Quinta Feira Santa. Que distância entre Jesus do Getsêmani e Jesus da Ascensão! O primeiro, curvado ao peso de um sofrimento tal que se manifestava num suor de sangue e o segundo, triunfante sobre a morte e sobre o inferno, numa glória radiosa. O pequeno grupo passa pelo jardim do Getsêmani, galgando o Monte das Oliveiras até o seu pico, onde Jesus dirige aos seus um solene adeus e em seguida uma última benção. Jesus começa, então. a elevar-se majestosamente da terra, diante dos discípulos prosternados.. Em pouco tempo uma nuvem luminosa escondeu-o dos olhares humanos.
Na Capela da “rue du Bac”: O último gesto de Jesus foi uma benção. Que delicadeza! Hoje Jesus continua a nos envolver com a mesma solicitude e com o mesmo amor do tempo de sua vida mortal entre nós. Na Capela, a benção das medalhas nos relembra esse fato. Por este gesto sagrado da benção, instituído pela Igreja, ficamos preparados para receber as graças e dispostos a cooperar com isso.
Graças para os dias de hoje: Jesus subiu aos céus, mas voltará a nós. No decorrer de cada Missa, depois da Consagração, peçamos, com fervor, a segunda “vinda de Cristo, nosso Salvador”.
Adendo: …e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus elevado aos céus…
Centelhas: A Cruz é o início da Ascensão…
Pentecostes
At. 2, 1-4 Apareceram-lhes, então, línguas como de fogo que se repartiram e que pousaram sobre cada um deles. E todos ficaram repletos do Espírito Santo.
Pequena meditação sobre o acontecimento: Depois da Ascensão, o momento era crucial: Cristo desaparecera e não estava mais visivelmente presente. Refere o historiador São Lucas que os Apóstolos, reunidos no Cenáculo com Maria e as santas mulheres, aguardavam pela realização das promessas de Jesus. Ao fim de dez dias de retiro, aconteceu o extraordinário prodígio, considerado como evidente milagre pelos Apóstolos e pelos próprios judeus. Um vento impetuoso invadiu o Cenáculo. Surgiram línguas de fogo pairando sobre cada um deles. O Espírito Santo apossou-se da Igreja de Cristo. Aqueles homens simples e medrosos começam a falar em línguas e deixam de ter medo. E proclamavam nas praças públicas a divindade de Jesus Cristo.
Na Capela da “rue du Bac”: Um belo mosaico nos traz de volta a lembrança luminosa da irrupção do Espírito Santo na vida de Santa Luisa de Marillac. No dia de Pentecostes do ano de 1623, na igreja de São Nicolau dos Campos, em Paris, Luisa recebeu toda a consolação e o anúncio de sua missão. E ela conservou por toda a vida uma devoção especial pela terceira pessoa da Santíssima Trindade.
Graças para os dias de hoje: O Espírito Santo age não só na Igreja como na vida de cada um de nós. E que nós a exemplo dos Apóstolos, transformados subitamente pela visita do Espírito Santo de Deus, tornemo-nos incansáveis operários do Reino.
Adendo: …bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus transbordante do Espírito Santo…
Centelhas: Como os Apóstolos, façamos retiro com Maria para nos tornarmos disponíveis para o Espírito Santo.
Assunção de Nossa Senhora
Nenhum texto da Sagrada Escritura afirma explicitamente a Assunção de Maria que está implicitamente contida no Evangelho e nos é ensinada pela Igreja.
Pequena meditação sobre o acontecimento: A última morada de Nossa Senhora terá sido provavelmente na cidade de Éfeso. Lá, ao término de sua vida terrestre (a tradição oriental emprega o termo “dormição”) Maria foi elevada, em corpo e alma, à glória do céu. O corpo de Maria não conheceu a corrupção. Isso foi o que Pio XII solenemente proclamou a 1º de novembro de 1950, no dogma da Assunção de Maria, participação especial na Ressurreição de Cristo e numa antecipação de nossa própria ressurreição. Este privilégio concedido à Virgem Maria, é decorrente de sua maternidade divina. Assim como, para o homem pecador, a ressurreição só se realizará no último dia da existência do mundo, para a Virgem Maria, isenta de toda e qualquer falta pessoal e preservada do pecado original, a glorificação de seu corpo foi imediata.
Na Capela da “rue du Bac”: Foi nesta Capela que, em 1830, Catarina Labouré viu a Virgem Santa “em carne e osso”, conforme ela mesma afirma “vestida com uma roupa branco-aurora”. Nesta ocasião, Catarina recebeu a missão de Nossa Senhora de mandar cunhar uma medalha cuja extraordinária difusão terá preparado o dogma da Imaculada Conceição, proclamado em 1854.
Graças para os dias de hoje: Maria foi a primeira criatura a compartilhar da vitória do Cristo ressuscitado, nos mostrando, por antecipação, a glória que nos está reservada. Imploremos a Deus a graça de não passar um único dia de nossa vida sem nos dirigirmos à Maria, nossa Mãe, sem uma fervorosa oração e, melhor ainda, a reza de um terço.
Adendo: …e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus vos ressuscitando…
Centelhas: Maria, aurora de um mundo novo…
A Coroação de Nossa Senhora
Maria é a Mãe do Rei, Mãe do Criador e Mãe do Salvador. Portanto, Maria é Rainha.
Pequena meditação sobre o acontecimento: Em 1954, por ocasião do centenário do dogma da Imaculada Conceição, o Papa Pio XII instituiu a festa litúrgica da “Santa Virgem Maria Rainha” no dia 22 de agosto. Não se trata de uma nova verdade para se acreditar. Realmente, a dignidade real de Maria já havia sido formulada desde muito tempo, em antigos documentos da Igreja e nos livros litúrgicos. A intenção do Papa era de oferecer aos cristãos uma ocasião de louvar Maria reavivando a lembrança desta antiga tradição a que corresponde numerosa e importante iconografia. Mais próximo a nós, o Concílio Vaticano II lembrou que a Virgem Imaculada, tendo sido elevada em corpo e alma à glória do céu, fora elevada pelo Senhor como Rainha do Universo. É preciso compreender a realeza de Maria dentro do espírito do Evangelho, isto é, muito mais como uma atribuição do que como um título. Maria é uma Rainha maternal, já que ela é nossa Mãe na ordem da graça, e uma Rainha suplicante que intercede pela humanidade.
Na Capela da “rue du Bac”: No afresco celeste onde Maria reina com simplicidade, diante dos dois Corações incandescentes de caridade, na cúpola da Capela, diante da Virgem com o Globo que sustenta amorosamente nas mãos; de encontro ao coração, diante da Virgem dos Raios de Luz, coroada e aureolada por estrelas, contemplamos Maria como em perfeita união com o Único Redentor, perfeita associada ao Único Mediador.
Graças para os dias de hoje: Maria espera apenas uma coisa: que lhe peçamos derrame as graças divinas em nossos corações. E a graça que ela prefere nos conceder é de nos transformar de pecadores em santos.
Adendo: …e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus vos coroando…
Centelhas: Amar e fazer amar nossa Rainha.